Stephen Hawking sem sua força criador (gravidade)

Como cientista, eu estou certo que Stephen Hawking está errado. Você não pode explicar o universo sem Deus

Não há como negar que Stephen Hawking é intelectualmente corajoso, bem como fisicamente heróico. E em seu último livro, o físico renomado prepara um desafio audacioso para a crença religiosa tradicional na criação divina do universo.
Segundo Hawking, as leis da física, não a vontade de Deus, oferecem a verdadeira explicação de como a vida na Terra surgiu. O Big Bang, segundo ele, foi a conseqüência inevitável dessas leis "por haver uma lei como a gravidade, o universo pode e irá criar a ele mesmo do nada."
Infelizmente, embora o argumento de Hawking esteja sendo aclamado como polêmico e inovador, ele não é novo.
Durante anos, outros cientistas têm feito afirmações semelhantes, sustentando que a impressionante criatividade sofisticada do mundo que nos cerca pode ser interpretada unicamente com base em leis físicas, tais como a gravidade.
É uma abordagem simplista, mas em nossa era secular parece ter ressonância com um público cético.
Mas, como cientista e como cristão, eu diria que a alegação de Hawking é equivocada. Ele nos pede para escolhermos entre Deus e as leis da física, como se estivessem necessariamente em conflito mútuo.
Mas ao contrário do que afirma Hawking, as leis da física nunca podem fornecer uma explicação completa do universo. Leis em si não criam nada, elas são apenas uma descrição do que acontece sob determinadas condições.
O que Hawking parece ter feito é confundido lei com agência. Seu pedido para que escolhamos entre Deus e a física é um pouco como alguém exigindo que se escolha entre o engenheiro aeronáutico Sir Frank Whittle e as leis da física para explicar o motor a jato.
Essa é uma confusão de categoria. As leis da física conseguem explicar como funciona o motor a jato, mas alguém tinha de construir a coisa, colocar o combustível e iniciá-lo. O jato não poderia ter sido criado sem as leis da física por si mesmo – mas a tarefa de desenvolvimento e criação necessitaram da genialidade de Whittle como seu agente.
Da mesma forma, as leis da física nunca poderiam ter realmente construído o universo. Algum tipo de agente deve estar envolvido.
Para usar uma analogia simples, as leis de Isaac Newton sobre o movimento nunca em si mesmas lançaram uma bola de bilhar correndo por todo o feltro verde. Isso só pode ser feito por pessoas usando um taco de sinuca e as ações de seus próprios braços.
O argumento de Hawking parece-me ainda mais ilógico quando ele diz que a existência da gravidade significa que a criação do universo era inevitável. Mas como existe a gravidade, em primeiro lugar? Quem a colocou lá? E qual foi a força criativa por trás do seu nascimento?
Da mesma forma, quando Hawking argumenta, em apoio da sua teoria da criação espontânea, que só era necessário “acender o pavio” para “fazer o universo começar”, a pergunta deve ser: de onde veio esse pavio? E quem o acendeu, se não Deus?
Grande parte da lógica subjacente à argumentação de Hawking encontra-se na idéia de que existe um conflito profundo entre a ciência e a religião. Mas esta não é uma discórdia que eu reconheça.
Para mim, como um crente em Cristo, a beleza das leis científicas só reforçam minha fé em um ser inteligente, divina força criadora em ação. Quanto mais eu entendo a ciência, mais acredito em Deus, por causa do meu espanto com a dimensão, a sofisticação e a integridade de sua criação.
A própria razão pela qual a ciência floresceu tão vigorosamente nos séculos 16 e 17 foi precisamente por causa da crença de que as leis da natureza que estavam sendo descobertas e definidas refletiam a influência de um divino legislador.
Um dos temas fundamentais do cristianismo é que o universo foi construído de acordo com um projeto racional, inteligente. Longe de estar em desacordo com a ciência, a fé cristã realmente faz perfeito sentido cientificamente.
Alguns anos atrás, o cientista Joseph Needham fez um estudo épico do desenvolvimento tecnológico na China. Ele queria saber por que a China, com todas as suas antigas inovação, tinha ficado muito atrás da Europa no avanço da ciência.
Ele relutantemente chegou à conclusão de que a ciência europeia tinha sido estimulada pela crença generalizada em uma força criadora racional, conhecida como Deus, que fez todas as leis científicas compreensíveis.
Apesar disso, Hawking, como tantos outros críticos da religião, quer que acreditemos que não somos nada mais do que um conjunto aleatório de moléculas, o produto final de um processo irracional.
Isto, se for verdadeiro, poria em dúvida a racionalidade de que precisamos estudar ciência. Se o cérebro fosse realmente o resultado de um processo não guiado, então não há razão para acreditar em sua capacidade de nos dizer a verdade.
Vivemos em uma era de informação. Quando vemos algumas letras do alfabeto soletrando o nosso nome na areia, a nossa resposta imediata é a de reconhecer o trabalho de um agente inteligente. Quanto mais provável, então, é um criador inteligente por trás do DNA humano, o colossal banco de dados biológicos que contém nada menos que 3,5 bilhões "letras"?
É fascinante que Hawking, ao atacar a religião, sente-se compelido a colocar tanta ênfase na teoria do Big Bang. Porque, mesmo que os não-crentes não gostem disso, o Big Bang se encaixa exatamente com a narrativa cristã da criação.
É por isso que, antes do Big Bang ganhar terreno, muitos cientistas estavam dispostos a rejeitá-la, pois ela parecia apoiar a história da Bíblia. Alguns se apegaram a visão de Aristóteles do "universo eterno", sem começo nem fim; mas essa teoria, e mais tarde as variantes da mesma, estão agora profundamente desacreditadas.
Mas o apoio para a existência de Deus vai muito além do reino da ciência. Entre a fé cristã, há também a poderosa evidência de que Deus se revelou à humanidade através de Jesus Cristo há dois milênios. Isso é bem documentado não apenas nas Escrituras e outros testemunhos, mas também em uma riqueza de achados arqueológicos.
Além disso, a experiência religiosa de milhões de crentes não pode ser ignorada levianamente. Eu e minha família podemos testemunhar que a fé teve influência positiva sobre as nossas vidas, algo que desafia a idéia de que somos nada mais do que um conjunto aleatório de moléculas.
Assim como é forte a realidade óbvia de que somos seres morais, capazes de compreender a diferença entre certo e errado. Não há nenhuma rota científica para tal ética.
A física não pode inspirar a nossa preocupação com o outro, ou o espírito de altruísmo que existe nas sociedades humanas desde a aurora dos tempos.
A existência de uma base comum de valores morais aponta para a existência de uma força transcendente além que meras leis científicas. De fato, a mensagem do ateísmo tem sido sempre uma mensagem curiosamente deprimente, retratando-nos como criaturas egoístas focadas em nada mais do que sobrevivência e auto-gratificação.
Hawking também considera que a possível existência de outras formas de vida no universo enfraqueça a convicção religiosa tradicional que nós estamos vivendo em um planeta único, criado por Deus. Mas não há nenhuma prova de que outras formas de vida estão lá fora, e Hawking certamente não apresenta uma.
Sempre me divirto quando os ateus argumentam pela existência de inteligência extra-terrestre além da Terra. No entanto, eles estão muito ansiosos para rejeitar a possibilidade de que já dispomos de um ser inteligente vasto lá fora: Deus.
A nova artilharia de Hawking não pode abalar os alicerces de uma fé que se baseia em evidências.

Texto original em inglês aqui.