Estou lendo o livro “Caos Carismático” de John MacArthur e recomendo a sua leitura para todos, tanto os carismáticos quanto os não carismáticos. Na verdade, a Editora Fiel muito graciosamente disponibilizou esse livro gratuitamente. Veja o link em outra postagem.
Eu sei que muita gente vai ficar brava comigo, mas mesmo assim vou postar alguns dos textos mais interessantes que destaquei no meu Kindle. Esse é apenas o começo. As palavras abaixo podem parecer desconfortáveis em um primeiro momento, mesmo para mim foi assim, mas deixe de lado um pouco as emoções e aborde o que está sendo falado de uma forma bíblica.

A experiência é um teste válido da verdade?

Certa mulher me escreveu em tom raivoso: “você recorre a traduções gregas e palavras pomposas para explicar o que o Espírito Santo tem realizado na igreja hoje. Quero dar-lhe um conselho que pode salvá-lo da ira vindoura do Deus todo-poderoso: ponha de lado a sua Bíblia e seus livros e pare de estudar. Peça ao Espírito Santo que venha sobre você e lhe conceda o dom de línguas. Você não tem o direito de questionar algo que nunca experimentou”.
Um ouvinte do programa de rádio escreveu, após minha exposição de 1 Coríntios 12 a 14: “Você e, especialmente os ministros que falam que o falar em línguas não é para os dias de hoje estão, na minha opinião e na de todos os que as falam, entristecendo o Espírito Santo e perdendo a benção de Deus. Para mim isso é tão ridículo quanto uma pessoa não salva tentar persuadi-los de que vocês não podem ter certeza absoluta de entrar no céu... se vocês não o experimentaram, não podem dizer a alguém que JÁ O EXPERIMENTOU que ele não existe”.
As duas cartas refletem a tendência de avaliar a verdade por meio da experiência pessoal, e não pelas Escrituras. Há pouca dúvida de que os carismáticos, se forem honestos consigo mesmos, terão que reconhecer que a experiência pessoal – e não a Escritura – é o fundamento de seu sistema de crenças. Apesar de vários carismáticos desejarem atribuir à Bíblia uma posição destacada em sua vida, as Escrituras, com muita freqüência, ocupam o segundo lugar em definir o que eles crêem (o primeiro é a experiência). Como certo autor declarou:
“As experiências com Deus fornecem-lhes a base da fé”.
Isso é exatamente o contrário do que deveria ser. A nossa fé deveria constituir a base das nossas experiências. A experiência verdadeiramente espiritual será o resultado da vivificação da verdade na mente cristão – ela não ocorre em um vácuo místico.

Um dos motivos por que a experiência constitui o critério dos carismáticos é a enfase indevida no batismo do Espírito Santo como experiência posterior à salvação. De modo geral, os carismáticos acreditam que, após alguém se tornar cristão, ele deve procurar com diligência o batismo do Espírito. Os recipientes do batismo experimentam vários fenômenos, como falar em línguas, sentir-se eufórico, ter visões e arroubos emocionais de diversos tipos. Quem não experimentou o batismo e os fenômenos subseqüentes não é considerado cheio do Espírito; ou seja, são pessoas imaturas, carnais, desobedientes – em outras palavras, cristãos incompletos.
Esse tipo de ensino abre as comportas para a crença de que o cristianismo vital é somente experiências sensoriais, uma após outra. Estabelece uma competição para saber quem recebeu a experiência mais vívida ou espetacular. E as pessoas que têm os testemunhos mais impressionantes são reputadas como pessoas de um nível espiritual mais elevado. Fazem-se declarações incríveis, que geralmente não são questionadas.

O misticismo irracional encontra-se no âmago da experiência carismática. Ele subverteu a autoridade bíblica dentro desse movimento, substituindo-a por um novo padrão: a experiência pessoal. Não se deixe enganar, o efeito prático do ensino carismático é elevar a experiência pessoal a um plano superior, em detrimento do entendimento correto das Escrituras. Isto corresponde exatamente à advertência da mulher mencionada no início deste capítulo: “Ponha de lado a sua Bíblia e seus livros e pare de estudar”. As “revelações” particulares e as sensações pessoais são mais importantes para ela do que a verdade eterna da Palavra inspirada de Deus.
Existem apenas duas abordagens básicas da verdade bíblica. Uma é a abordagem histórica e objetiva, que enfatiza a ação de Deus entre os seres humanos – conforme as Escrituras ensinam. A outra abordagem é pessoal e subjetiva – enfatiza a experiência humana de Deus. Como devemos formar a nossa teologia? Devemos nos dirigir à Bíblia ou às experiências de milhares de pessoas? Se nos dirigirmos às pessoas, teremos tantas opiniões quantos forem os indivíduos. Isso é exatamente o que acontece em todo o movimento carismático moderno.
A teologia objetiva e histórica é teologia da Reforma, é o evangelicalismo histórico, é a ortodoxia histórica. Começamos pelas Escrituras. Nossos pensamentos, idéias ou experiências são válidos ou não mediante comparação com a Palavra.

E esses são apenas alguns textos do primeiro capítulo. Acredito que coisas interessantes serão apresentadas nos próximos capítulos. Isso já é de praxe em qualquer livro de John MacArthur.